As irregularidades na usina de tratamento de lixo de Ceilândia causam graves danos ambientais e podem contaminar o lençol freático da região. O desrespeito às normas de armazenamento e incineração de lixo hospitalar na usina chamou a atenção de integrantes da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa, que estiveram ontem no local para analisar os problemas existentes no depósito. Representantes da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público também participaram da blitz e prometeram cobrar providências da Qualix, empresa responsável pelo tratamento do lixo e pela manutenção da usina.
A visita-surpresa ao local foi organizada depois que a Comissão de Meio Ambiente recebeu denúncias de funcionários. Os participantes da blitz confirmaram que as condições de trabalho na usina são inadequadas. Seringas e outros materiais hospitalares ficam espalhados por todo o aterro. Os problemas na armazenagem dos resíduos chamaram a atenção dos visitantes. O incinerador está quebrado e o lixo hospitalar é acumulado em uma vala, onde não há impermeabilização adequada. Há apenas uma lona entre os restos hospitalares e o solo.
O coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da UnB, Gustavo Souto Maior, também participou da visita. Os problemas na usina impressionaram o especialista. Os detritos acumulados liberam chorume, um líquido que escorre para a rede de águas pluviais e chega aos córregos próximos, poluindo-os. 'O lixo pode contaminar os recursos hídricos e causar graves danos ambientais. A lona utilizada na vala não é suficiente para proteger o terreno. A água da chuva faz com que o chorume infiltre na terra', explica o ambientalista.
A usina de incineração de lixo especial tem capacidade para processar cerca de 20 toneladas por dia e recebe detritos hospitalares de toda a rede de saúde do Distrito Federal. De acordo com o contrato assinado entre o governo e a Qualix há cinco anos, a empresa teria que incinerar o lixo em Ceilândia e depois levar as cinzas para o lixão da Estrutural. Mas o equipamento está quebrado há mais de um mês. Representantes da Qualix que trabalham na usina de Ceilândia não quiseram comentar as irregularidades. Hoje à tarde, diretores da empresa reúnem-se com a promotora do Meio Ambiente, Marta Eliana de Oliveira, para discutir os problemas dos aterros sanitários do DF. 'Vamos cobrar providências urgentes para evitar que os danos ambientais sejam ainda maiores', explica a promotora.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa, Augusto Carvalho, reclama que a Qualix não cumpre as exigências do contrato. 'Esse é um dano ambiental irreparável. O equipamento de incineração já deveria ter sido consertado', justifica Augusto. De acordo com o deputado distrital, o governo já pagou mais de R$ 600 milhões à Qualix. O contrato inicial previa o pagamento de R$ 355 milhões.
http://www.saude.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=30752
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